Hoje quero falar sobre um assunto bem específico aqui, que eu vejo que não é tão abordado quanto deveria. A maioria das pessoas por aí (vendedores, arquitetos e designers) falam muuuito bem deste produto, mas será mesmo que ele é tudo isso? Será que é aplicável em todos os casos e em todas as obras? Será que ele é mesmo impermeável? A minha resposta para isso é: DEPENDE. Sim, tudo depende, pessoal. Nada é imutável e permanente na arquitetura (pelo menos essa é a minha opinião).
O amável piso vinílico está no mercado já faz algum tempo, você sabia disso? Ele existe há quase 100 anos, mas para nós brasileiros, ele começou a ficar popular a partir dos anos 2000. É um produto que tem sim muitas vantagens, mas preciso te dizer uma coisa que não é muito divulgada, e que só sabe quem passa pela decepção, que é bem o meu caso. Mas eu logo chego lá...
Quero te contar mais um pouco sobre este piso antes disso, mas é algo que também não foge do ordinário. Assim como tudo nesse mundo, este produto em especial começou a ser fabricado a partir da necessidade da população, principalmente por ser mais acessível e versátil comparando-se com os materiais existentes na mesma época e região, que eram a madeira e o linóleo. Surgiu a partir da exploração do PVC, que é o seu material principal.
O PVC, por si só, tem uma substância em sua base que é derivada principalmente do sal, e devido ao fato deste ser abundante e de baixo custo, é rotulado como sendo um produto sustentável (que inclusive é um dos motivos pelos quais é amplamente utilizado na indústria imobiliária), mas essa não é a mais pura realidade, já que para algo ser sustentável, precisa atender a vários critérios, o que acaba não acontecendo muito por aqui.
Mas fora isso, vamos ao que realmente interessa... Quando você pesquisa sobre o piso vinílico, o que mais aparece são suas características positivas (e sim, falaremos delas por aqui também em um próximo post), certo? Mas hoje quero chamar a atenção para o lado negativo dele.
Na maioria das propagandas, lemos que é um tipo de piso “impermeável”, e isso é uma das coisas que mais me chamam a atenção, pois tive duas experiências impressionantes com este piso, mas do lado negativo. Primeiramente, entendam que ele é dito como impermeável porque a placa em si não absorve umidade, mas gente, isso não significa que a água não vai inutilizá-lo, dependendo da forma que ela chega.
“Mas como assim?” você deve estar se perguntando.
Simples... todas as vezes que relacionamos essas duas palavras, água e piso, pensamos na água que vem de cima, seja usada para limpar o próprio material, ou por ventura algum líquido que caia em cima dele, mas nunca pensamos que a água também pode vir de baixo. Quando instalado, o produto é colado ao contrapiso, e são vendidos em pequenas placas, formando emendas, como se fosse um mosaico; e a água pode sim infiltrar esses pequenos espaços.
Minhas duas experiências são disso, e nas duas obras o problema foi exatamente o mesmo: a umidade estava vindo do solo, passando pelo contrapiso, chegando ao piso vinílico, descolando-o quase 100% e estragando algumas das placas. Isso é péssimo, pois pensem na demanda financeira de tudo isso. Nos dois casos, tivemos de remover o piso vinílico e colocar porcelanato com rejunte epóxi para evitar a umidade de subir mais ainda. O gasto foi gigantesco para fazer essa substituição e a regularização do piso, já que um piso tem a espessura totalmente diferente da outra.
Na primeira obra que isso aconteceu, entre 2021/2022, meus clientes gastaram mais de R$ 50.000,00 com todo este incômodo, sendo em média 250 metros quadrados construídos. E olha que o valor do porcelanato escolhido não foi alto não. A questão é que esses casos existem muito mais do que é comentado, pois as propagandas servem para enfatizar benefícios dos produtos sendo vendidos, e não prover informações de qualidade acerca das mercadorias.
Só tenham em mente que: quando a umidade vem do solo, desta maneira drástica e excessiva, muito provavelmente tem a ver com a altura dos lençóis freáticos, que é o caso dessas duas obras, muito próximas uma da outra. Portanto, o que eu mais digo quando me perguntam sobre o piso vinílico é: ÓTIMO PARA PAVIMENTOS QUE ESTÃO ACIMA DO TÉRREO, APENAS. PROIBIDO COLOCAR EM PAVIMENTOS QUE TÊM CONTATO DIRETO COM O SOLO.
Além disso, também tenho outros pontos negativos para te informar: sensibilidade ao calor e à luz solar (que também pode causar deslocamento e deformidade das peças); durabilidade condicionada; sensação artificial se comparada com a estética oferecida; exigência de substrato perfeito (contrapiso e nivelamento precisam estar perfeitos); desafios no descarte correto do material; entre outros.
Com tudo isso, só quero te dizer o seguinte: fiquem atentos com as campanhas publicitárias e com profissionais que não te dão informações completas. O seu investimento é de seu interesse apenas, então cuide bem com as suas escolhas para que você possa aproveitar ao máximo a sua obra, pensada e desenvolvida com tanto carinho.
Até o próximo conteúdo.